segunda-feira, 19 de outubro de 2009

"Preenchendo as Aflições de Cristo" Três Perguntas para John Piper


John Piper (entrevistado por Justin Taylor)
O novo livro de John Piper é o quinto volume na série Os Cisnes não Estão Calados: Preenchendo as Aflições de Cristo: O custo de trazer o evangelho às nações nas vidas de William Tyndale, Adoniram Judson e John Paton.
Quando ouvirmos falar de novos livros sendo lançados, nosso primeiro pensamento freqüentemente é se deveríamos ou não lê-los, o quão interessante o assunto é para nós, etc. Mas com este livro, eu lhe encorajaria a considerar se não há missionários a quem você possa enviá-lo. Eu espero que numerosas igrejas decidam enviar uma cópia para cada missionário que sustentam. Penso que isto seria um tremendo encorajamento para esses que foram enviados às nações por causa do Nome.
O Pastor John gentilmente aceitou responder algumas perguntas minhas sobre o livro:
Pergunta: Você pode descrever o efeito que teve sobre sua própria alma passar três anos lendo e escrevendo sobre estes três irmãos?
Piper: Minha primeira resposta a isso é não. A razão é que grandes pessoas, grandes realizações, grandes idéias e grandes atos têm efeitos sobre nós que nós não conhecemos completamente, e dos quais lembramos ainda menos completamente. Por exemplo, quem pode descrever o efeito de nossos pais em nossas vidas? Ou quem pode descrever o efeito dos grandes livros que lemos? Eles nos moldam e passamos a ser diferentes. Mas a influência não pode ser quantificada ou descrita.
Mas eu posso dizer algumas coisas. A vida de John Paton me impactou por causa da sua coragem. Ele enfrentaria multidões de nativos furiosos nas Novas Hébridas. Uma vez ele respondeu a um homem, que havia alertado-lhe que ele poderia ser comido por selvagens, que todos nós seremos comidos por vermes, por isso não fazia muita diferença, desde que ele pudesse morrer por Cristo. E ele demonstrou toda essa coragem pela simples fé nas promessas de Cristo. Ele desfrutou de um companheirismo com Jesus através da promessa: “Eu estarei contigo até a consumação do século.”
"O grão de trigo não morreu tantas vezes em vão. Ler a vida dele me fez querer sofrer bem e não desistir."
A vida de William Tyndale me fez querer usar meus melhores esforços para estudar, entender e ensinar as Escrituras. Ele foi traído, estrangulado e queimado porque ele queria que o homem comum tivesse a Bíblia, e porque ele a traduziu de uma forma que deixou clara a verdade da justificação pela fé. Eu pude ver a maldade da hierarquia católica romana mais claramente do que nunca ao ver como ela se enfureceu contra a paixão dele em pôr a Bíblia em inglês claro. A biografia de Tyndale, de David Daniell, é um dos melhores livros que já li.
A vida de Adoniram Judson foi a que me deixou mais pensativo por causa do quão implacáveis foram as perdas. Ele perdeu três esposas. Ele foi pendurado de cabeça para baixo numa prisão quente, infestada de insetos. Ele quase enlouqueceu na selva ao lidar com seu pesar. Ó, mas o fruto disso tudo! O grão de trigo não morreu tantas vezes em vão. Ler a vida dele me fez querer sofrer bem e não desistir.

Pergunta: Missionários freqüentemente sentem-se desencorajados, presos entre dois mundos, sentindo-se esquecidos por aqueles que estão em casa e freqüentemente desconectados daqueles a quem eles estão tentando ministrar. Que encorajamento você espera que os missionários recebam ao ler este livro?
"Poucas coisas além da Bíblia fortalecem as mãos de missionários como as histórias desses que suportaram o que somente aqueles que lá estiveram podem entender."
Piper: Todo o seu sofrimento vale a pena. Você não está só. Suas tristezas e desânimos são parte de uma estratégia dolorosa que Deus planejou por causa das nações. Nós não vemos todos os efeitos do sofrimento cristão. Ele é concebido por Deus para preencher o que está faltando nas aflições de Cristo (Col. 1:24). Você talvez sinta que tudo é em vão. Não é. Não é. Deus promete que não é: “no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” (1 Cor. 15:58). Poucas coisas além da Bíblia fortalecem as mãos de missionários como as histórias desses que suportaram o que somente aqueles que lá estiveram podem entender.

Pergunta: Uma das coisas que ouvimos muito no cristianismo americano é que a perseguição está vindo e isto é freqüentemente usado como uma tática amendrontadora para apoiar certas formas de ativismo. Mas você defende que perseguição, morte e sofrimento são os meios que Deus usa para expandir o Seu Reino. Você poderia explicar?
Piper: Generalizada por todo Novo Testamento está a verdade de que os cristãos sofrem. O que Colossenses 1:24 deixa claro, junto com outras passagens, é que este sofrimento não é um problema para Deus, mas é Seu plano. A estratégia dEle é apresentar os sofrimentos de Cristo ao mundo na incorporação do Seu sofrido povo.
Nós somos pecadores demais para sermos mantidos sem sofrimento. E o mundo é pecador demais para ver nosso amor a menos que este venha com sofrimento. Por isso, por nossa causa e por causa deles, Deus designa tribulação para todos que desejam vencer o próprio pecado e oferecer salvação às nações.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Capitulo 1 - Da Sagrada Escritura

Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem de tal modo a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, todavia não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malicia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-lo escrever toda. Isso torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo”. (CFW.1).
Podemos afirmar que um dos maiores tesouros herdados pela humanidade é a Palavra de Deus, a Bíblia.
Este é o livro que desde os tempos antigos fala ao coração humano, desafiando, instruindo e apontando o caminho para a salvação em Cristo. Inspirada pelo Espírito e preservada ao longo dos tempos, a Escritura Sagrada precisa ser mais e mais conhecida, praticada e ensinada, pois ela é a nossa única regra de fé e prática.
As Escrituras Sagradas – tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência.
Podemos saber que as Escrituras são a Palavra de Deus, pela sua majestade e pureza, pela harmonia de todas as suas partes e pelo propósito do seu conjunto, que é dar a Deus toda glória; pela sua luz e poder para convencer e converter os pecadores e para edificar e confortar os crentes para a salvação. O Espírito de Deus, porém, dando testemunho, pelas Escrituras e juntamente com elas, no coração do homem, é o único capaz de nos persuadir plenamente de que elas são a própria Palavra de Deus (Catecismo Maior – Perg.3 e 4).
Diante disto podemos destacar alguns aspectos gerais no Estudo das Sagradas Escrituras a saber:
A REVELAÇÃO EM TERMOS GERAIS
A REVELAÇÃO NATURAL E SOBRENATURAL – esta distinção baseia-se no modo da revelação de Deus. Por origem, toda a revelação é sobrenatural, porque se origina em Deus. Há diferença, porém, na maneira em que Deus Se revela. A revelação natural é comunicada pelos fenômenos da natureza, incluindo a própria constituição do homem. Não é uma revelação dada em palavras, mas incorporada em fatos que falam por volumes. Figuradamente a natureza pode ser chamada um grande livro em que Deus escreveu, com letras grandes e pequenas, no qual o homem pode aprender Sua bondade e sabedoria “Seu eterno poder e Divindade”, ao que o apóstolo Paulo afirma: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”(Rm1.20). A revelação sobrenatural, por outro lado, é aquela em que Deus intervém no curso natural dos acontecimentos, e na qual Ele, até mesmo quando usa os meios naturais, tais como sonhos e comunicações orais, os emprega de maneira sobrenatural. Esta revelação é ao mesmo tempo verbal e fatual, na qual as palavras explicam os fatos e os fatos ilustram as palavras.
REVELAÇÃO GERAL – A revelação geral está radicada na criação e nas relações gerais de Deus com o homem como criatura portadora da imagem de Deus, e visa a realização do fim para o qual o homem foi criado[1], o que pode ser alcançado somente quando o homem conhecer a Deus e gozar comunhão com Ele.
A revelação geral não vem ao homem diretamente por comunicações verbais. Consiste numa incorporação do pensamento divino nos fenômenos na natureza, na constituição geral da mente humana, e nos fatos da experiência ou da história. Deus fala ao homem através de toda a sua criação, nas forças e nos poderes da natureza, na constituição da mente humana, na voz da consciência, e no governo providencial do mundo em geral e das vidas dos indivíduos em particular. O poeta canta: OS céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite” (Salmo 19.1-2). Paulo diz: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”(Rm1.20). Esta revelação geral nunca foi exclusivamente natural, mas sempre conteve uma mistura do sobrenatural. Mesmo antes da queda, Deus se revelou ao homem de maneira sobrenatural no pacto das obras. E, no decorrer da história da revelação, Deus revelou-se freqüentemente de maneira sobrenatural, fora da esfera da revelação especial:
“Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite, e disse-lhe: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido (Gn 20.3); E ambos tiveram um sonho, cada um seu sonho, na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.(Gn 40.5); E ACONTECEU que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio (Gn 41.1); Chegando, pois, Gideão, eis que estava contando um homem ao seu companheiro um sonho, e dizia: Eis que tive um sonho, eis que um pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até à tenda, e a feriu, e caiu, e a transtornou de cima para baixo; e ficou caída (Jz 7.13); E NO segundo ano do reinado de Nabucodonosor, Nabucodonosor teve sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.(Dn 2.1)”.
A INSUFICIÊNCIA DA REVELAÇÃO GERAL – Embora os pelagianos, deitas e racionalistas concordem em considerar a revelação geral de Deus como inteiramente suficiente para as necessidades presentes do homem, os católicos e os protestantes são unânimes quanto a sua insuficiência. Existem diversas razões por que ela deve ser considerada inadequada:
A) o pecado alterou tanto esta revelação como a receptividade pelo homem. Como resultado da queda do homem a ruína do pecado repousa sobre a criação em geral. O elemento da corrupção entrou na maravilhosa obra de Deus e a obscureceu, contudo sem apagar completamente o escrito de Deus. A natureza, é verdade, ainda mostra as marcas de sua origem divina, mas agora está plena de imperfeições e sujeita as forças destruidoras. Deixou de ser a revelação clara de Deus que uma vez fora. Além disso, o homem ficou cego pelo pecado, de modo que se opõe à verdade pela injustiça e até a barganha por mentira. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. (João 1:5).
B) A revelação geral não comunica qualquer conhecimento de Deus e das coisas espirituais inteiramente digno de confiança. Em virtude dos fatos estabelecidos acima, o conhecimento de Deus e das coisas eternas e espirituais transmitidas pela revelação geral são muito incertos para formar uma base fidedigna para nela se construir para a eternidade; e o homem não pode arcar com as conseqüências de depositar sua esperança para o futuro em incertezas. A história da ciência e da filosofia mostra claramente que a revelação geral não é um guia seguro e digno de confiança. Um sistema de verdade após outro foi constituído. Apenas para ser desfeito pela geração seguinte. “nossos pequenos sistemas têm seu dia: Tem seu dia e cessam de existir”.
C) A revelação geral não oferece uma base adequada para a religião em geral. A história da religiões mostra, e isto está sendo cada vez mais reconhecido, que não há religiões que sejam baseadas exclusivamente na revelação natural. Está se tornando cada vez mais claro que uma religião puramente naturalista não existe, e nem pode existir. As nações e as tribos pagãs apelam todas para uma revelação especial, supostamente dada pelos deuses, como um fundamento para sua religião.
D) A revelação geral é completamente insuficiente como fundamento para a religião cristã. Pela revelação geral podemos receber algum conhecimento da bondade, da sabedoria e do poder de Deus, mas não podemos conhecer a Cristo, que é o único caminho da Salvação, “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. (Mateus 11:27). Ela nada diz da graça salvadora, do perdão do pecado e da redenção, e não pode, portanto, transportar os pecadores da escravidão do pecado para liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Não participa do processo redentor iniciado por Deus para a salvação do homem. Esta é a razão suprema da sua insuficiência. Deus desejou salvar os pecadores para a glória de seu nome, e tinha, portanto, de enriquecer a humanidade com uma revelação mais especial, uma revelação da graça redentora de Jesus Cristo.

REVELAÇÃO ESPECIAL – A revelação especial, por outro lado, está radicada na obra redentora de Deus, endereçada ao homem pecador e adaptada às necessidades morais e espirituais do homem decaído, e visa levar o pecador de volta a Deus, através do conhecimento especifico do Seu amor redentor revelado em Cristo Jesus. Não é como a revelação geral, uma luz que ilumina o caminho dos que são feitos receptíveis à verdade pela operação especial do Espírito Santo. Assim afirma o salmista: “. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol”, (Salmo 19.1-4).
Ao lado da revelação geral na natureza e na história temos uma revelação especial que está agora incorporada na Escritura. A Bíblia é; por excelência, o livro da revelação especial, uma revelação em que as palavras e os fatos caminham de mãos dadas; as primeiras interpretando as últimas, e estes dando uma personificação concreta àquelas.
A NECESSIDADE DA REVELAÇÃO ESPECIAL – Com a entrada do pecado no mundo a revelação geral de Deus ficou obscurecida e corrompida, de modo que o escrito de Deus na natureza e na própria constituição do homem não é agora tão legível, como era na manhã da criação. Além disso, o homem tornou-se sujeito aos poderes das trevas e da ignorância, do erro e da incredulidade, e na sua cegueira e perversão não consegue ler corretamente nem mesmo os vestígios remanescentes da revelação original. Até se deleita em mudar a verdade de Deus em mentira. A revelação geral não mais transmite ao homem um conhecimento de Deus e das coisas espirituais absolutamente digno de confiança, e não é corretamente entendida pelo homem, nem é capaz de restaurá-lo à comunhão de Deus. As operações divinas especiais, portanto, fora necessárias, servindo a um propósito quádruplo: 1) corrigir e interpretar as verdades que agora são colhidas da revelação geral; 2) iluminar o homem para que possa outra vez ler o escrito de Deus na natureza; 3) fornecer ao homem uma revelação do amor redentor de Deus e 4) mudar sua inteira condição espiritual, redimindo-o do poder do pecado e levando-o de volta para uma vida de comunhão com Deus.

OS MEIOS DA REVELAÇÃO ESPECIAL – Os meios de revelação especial podem ser, em geral, reduzidos a três espécies:
A) As teofanias ou manifestações de Deus. De acordo com a Escritura Deus não é somente um Deus distante, mas também um Deus próximo. Simbolicamente habitou entre os querubins nos dias do Velho Testamento, “TU, que és pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho; tu, que te assentas entre os querubins, resplandece” (Salmos 80:1). Sua presença foi vista no fogo e nas nuvens de fumaça, - “E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades” (Gênesis 15:17). Em ventos tempestuosos, - “DEPOIS disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo” (Jó 38:1). E em um sussurro suave, - “E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada”(I Reis 19:12). Tudo isto foram sinais de Sua presença, em que Ele revelou alguma coisa de Sua glória. Entre as manifestações do Velho Testamento, a do anjo do Senhor ocupa lugar especial. Esse anjo não era evidentemente um anjo criado. De um lado é distinto de Deus, - “Eis que eu envio um anjo diante de ti, para que te guarde pelo caminho, e te leve ao lugar que te tenho preparado. Guarda-te diante dele, e ouve a sua voz, e não o provoques à ira; porque não perdoará a vossa rebeldia; porque o meu nome está nele. Mas se diligentemente ouvires a sua voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei” (Êx 23.20-23); mas de outro lado é também identificado como Ele, - “E ela chamou o nome do SENHOR, que com ela falava: Tu és Deus que me vê; porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê?” (Gênesis 16:13). A opinião dominante é que se tratava da segunda pessoa da Trindade, - “EIS que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 3:1). A teofania alcançou seu ponto mais alto na encarnação de Cristo, em Quem habitou corporalmente, a plenitude da divindade, - “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse”, (Colossenses 1:19). Nele a Igreja se tornou o templo do Espírito Santo, - “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Corintios 3:16). Uma realização ainda mais plena da habitação de Deus com o homem terá lugar quando a nova Jerusalém descer do céu de Deus, e o tabernáculo de Deus for levantado entre os homens.
B) As Comunicações diretas. Deus comunicou ao homem Seus pensamentos e Sua vontade de varias maneiras. Algumas vezes falou aos órgãos de sua revelação com uma voz audível , - “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente”, (Gênesis 2:16). Em outros casos recorreu a tais meios como a sorte e o Urim e o Tumim, - “E OS líderes do povo habitaram em Jerusalém, porém o restante do povo lançou sortes, para tirar um de dez, que habitasse na santa cidade de Jerusalém, e as nove partes nas outras cidades”. (Neemias 11:1). O Sonho foi um meio muito comum de revelação aos não israelitas, “Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite, e disse-lhe: Eis que morto serás por causa da mulher que tomaste; porque ela tem marido (Gn 20.3); E ambos tiveram um sonho, cada um seu sonho, na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.(Gn 40.5); E ACONTECEU que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio (Gn 41.1). uma forma semelhante mas superior de revelação foi a visão, muito comum entre os profetas, (Isaías 6:1) - “NO ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo”. Os profetas recebiam estas visões enquanto estavam despertos e algumas vezes na presença de outros, (Ezequiel 8:1) - “SUCEDEU, pois, no sexto ano, no sexto mês, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor DEUS caiu sobre mim”. Geralmente, porém, Deus revelara-se aos profetas por meio de uma iluminação mais intima, pelo espírito da revelação. No Novo Testamento Cristo aparece como o mais elevado, o verdadeiro, e num sentido, o único profeta. Ele comunica o seu Espírito, que é também o espírito da revelação e da iluminação, a todos os que crêem, (Marcos 13:11) – “Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer, nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo”. Nele todos que são seus têm a unção do Santo e são ensinados pelo Senhor, (I João 2:20)- “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”.
C) Os Milagres. De acordo com a Escritura, Deus também se revela pelos milagres. É especialmente deste ponto de vista que os milagres da Escritura devem ser estudados. Embora excitem um sentimento de admiração, não são, como os chamados milagres dos feiticeiros pagãos, portentos que enchem o homem de espanto. Eles são, acima de tudo, manifestações de um poder especial de Deus, sinais da sua presença especial, e servem, com freqüência, para simbolizar verdades espirituais. Como manifestações do reino vindouro de Deus, tornam-se subservientes à grande obra da redenção. Assim servem, freqüentemente, para punir o ímpio e auxiliar ou libertar o povo de Deus. Eles confirmam as palavras do profeta e apontam para uma nova ordem que está sendo estabelecida por Deus. Os milagres da Escritura culminam também com a encarnação, que é o maior milagre e o mais central de todos. Em Cristo, que é o milagre absoluto, todas as coisas são restauradas e a criação reconduzida à sua beleza original, (Atos 3:21) - “O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.

O CONTEÚDO DA REVELAÇÃO ESPECIAL – Existem três pontos que merecem especial destaque em relação ao conteúdo da revelação especial de Deus:
A) É uma revelação redentora. A revelação especial não serve, simplesmente, ao propósito de comunicar ao homem algum conhecimento geral de Deus. Descobre ao homem o conhecimento especifico do plano divino para a salvação dos pecadores; da reconciliação de Deus e dos pecadores por meio de Jesus Cristo; do caminho da salvação aberto por sua obra redentora, da influencia transformadora e santificadora do Espírito Santo, e das exigências divinas para os que participam da vida do Espírito. É uma revelação que renova o homem, que iluminam a mente, inclina sua vontade para o bem enche-o de afeições santas, e prepara-o para o lar celestial.
B) É uma revelação tanto verbal como factível. Esta revelação de Deus não consiste exclusivamente em palavras e doutrinas e não se dirige meramente ao intelecto. Deus se revela não só na lei e nos profetas, nos evangelhos e nas epistolas, mas também na história de Israel, no culto cerimonial do Velho Testamento, nas teofanias e nos fatos redentores da vida de Jesus Cristo. Contudo, a revelação especial não só comunica ao homem conhecimento do caminho da salvação, mas também transforma as vidas dos pecadores, mudando-os em santos.
C) É uma revelação histórica. O conteúdo da revelação especial foi sendo desdobrado gradualmente no curso de muitos séculos, e é, portanto, de caráter histórico e gradualmente progressivo. As grandes verdades da redenção aparecem a principio apenas obscuramente, mas aumentam gradualmente em clareza, e finalmente se destacam em toda a sua grandeza na revelação do Novo Testamento. Há uma vinda constante de Deus ao homem na teofania, profecia e milagre, e na encarnação do Filho de Deus e na permanência do Espírito Santo na Igreja atinge o seu ponto mais alto.

“Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Antigo e do Novo Testamento, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e prática” (CFW 2)

A RELAÇÃO ENTRE A REVELAÇÃO ESPECIAL E A ESCRITURA – Em geral pode-se dizer que a revelação especial de Deus assumiu uma forma permanente na Escritura, e foi assim preservada para a posteridade. Deus quis que Sua revelação fosse o Seu falar perene para todas as gerações sucessivas dos homens; e tinha, pois, de guardá-la contra a perda, corrupção e falsificação. E Ele o fez provendo-lhe um registro infalível e vigiando-o com cuidado providencial. Não se pode dizer que revelação especial e a Escritura são idênticas em todos os aspectos. O termo “revelação especial” não é usado sempre no mesmo sentido. Pode designar uma serie de auto-comunicações de Deus, mas pode também servir como uma designação da Escritura.
Assim, o termo “revelação especial” é usado para designar as comunicações diretas de Deus, não pode, então, ser considerado simplesmente como um outro nome para a Bíblia. Isto é perfeitamente evidente pelo fato de que a Escritura contém muita coisa que não foi comunicada de maneira sobrenatural, mas foi aprendida pela experiência ou colhida pelo estudo histórico, e ainda pelo fato adicional de que os profetas e apóstolos receberem, muitas vezes, as comunicações divinas dadas a eles muito antes de as colocarem em forma escrita, (Jeremias 25:13)- “E trarei sobre aquela terra todas as minhas palavras, que disse contra ela, a saber, tudo quanto está escrito neste livro, que profetizou Jeremias contra todas estas nações”.
A INSPIRAÇÃO DA ESCRITURA – A Bíblia é e continuará a ser a Palavra de Deus para todas as gerações sucessivas dos homens somente em virtude de que sua inspiração é divina. Toda a Escritura foi dada por inspiração de Deus. Isto a torna a regra infalível de fé e prática para a humanidade. Desde que esta inspiração é muitas vezes negada, e até com mais freqüência mal apresentada, requer por isso atenção especial:
a) A Prova Escriturística da Inspiração. A doutrina da inspiração, precisamente como qualquer outra doutrina, deriva-se da Escritura. A própria Bíblia testifica, abundantemente da sua inspiração e propicia uma idéia exata de inspiração, como até mesmo os racionalistas estão prontos a admitir. Os escritores do Velho Testamento repetidas vezes receberam determinação para escrever o que o Senhor lhes ordenou, (Isaías 8:1) – “DISSE-ME também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa”. Os profetas estavam conscientes de que eram portadores de uma mensagem divina, e por isso a introduziram por tais fórmulas como: “Assim diz o Senhor”; “A Palavra do Senhor veio a mim”; “Assim o Senhor Jeová mostrou-me”, etc. Estas fórmulas se referem freqüentemente à palavra falada, mas são também usadas em relação com a palavra escrita, (Jeremias 36:27)- “Então veio a Jeremias a palavra do SENHOR, depois que o rei queimara o rolo, com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, dizendo”. Isaías provavelmente fala do seu próprio escrito como o “livro do Senhor” (Is 34.16). Os escritores do Novo Testamento freqüentemente citam palavras do Velho Testamento como palavras de Deus ou do Espírito Santo, (Mateus 15:4)- “Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá”. O apóstolo Paulo fala de suas próprias palavras como palavras ensinadas pelo Espírito, (I Corintios 2:13) – “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”, e afirma que Cristo esta falando nele, (II Corintios 13:3) – “Visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim, o qual não é fraco para convosco, antes é poderoso entre vós”. Sua mensagem aos Tessalonicenses é a palavra de Deus, (I Tessalonicenses 2:13)- “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes”. Finalmente ele diz na passagem clássica sobre a inspiração: (II Timóteo 3:16)- “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”.
A NATUREZA DA INSPIRAÇÃO – Ao estudar a natureza da inspiração, atenção deve ser focalizada antes de tudo em duas opiniões errôneas:
A) A Inspiração Mecânica. O processo de inspiração tem sido muitas vezes concebido de maneira um tanto mecânica. Tem sido apresentada como se Deus simplesmente ditasse o que os autores dos livros da Bíblia tinham de incorporar nos seus escritos; os quais eram meros escritas do Espírito Santos, registrando seus pensamentos nas palavras de sua escolha. A vida mental desses autores ficava em repouso, e de maneira nenhuma contribuía para o conteúdo ou forma de seus escritos. Assim, até o estilo das Escrituras seria do Espírito Santo. Pesquisas mais profundas mostram, contudo, que esta posição é inteiramente insustentável. Verifica-se claramente da própria Escritura que os escritores não eram meros instrumentos passivos na produção de seus livros, mas eram autores reais. Em alguns casos eles evidentemente apresentavam os frutos de investigações, porque citam estas pesquisas, “TENDO, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado”. (Lc 1.1-4), e algumas vezes até mencionam suas fontes, como nos livros de Samuel, Reis e Crônicas. Em outros casos registram suas próprias experiências, como nos Salmos, e freqüentemente nos livros proféticos; também nos Atos e nas Epístolas. Além disso, cada um deles escreve em seu próprio estilo individual, nem o estilo de Paulo é o de João.
B) A Inspiração Dinâmica. Em oposição à concepção mecânica da inspiração, muitos nos século dezoito e dezenove advogaram o que chamam de inspiração dinâmica. Esta teoria renuncia a idéia de que houvesse qualquer operação direta do Espírito Santo na produção dos livros da Bíblia, operação que encontrasse seu propósito precisamente na produção desses livros; e a substitui pela idéia de uma inspiração geral dos escritores. Esta inspiração foi uma característica permanente dos escritores, e por isso incidentalmente influenciou também os seus escritos. Essencialmente essa inspiração não difere, senão em grau, da iluminação espiritual dos crentes em geral. Penetra todas as partes da Escritura, porém, nem tudo na mesma medida. Os livros históricos da Bíblia não participam dela na medida que os doutrinários. E enquanto torna os escritos bíblicos geralmente fidedignos, admite a possibilidade de erros, especialmente nos livros históricos. Esta teoria certamente não faz justiça aos dados bíblicos sobre a inspiração. Rouba a Bíblia o seu sobrenatural, a reduz ao nível da revelação geral, destrói-lhe a infalibilidade.
C) A Inspiração Orgânica. A teoria da inspiração que é agora aceita nos círculos reformados e usualmente chamada de “inspiração orgânica”, embora alguns a designem de “Inspiração dinâmica”. O termo orgânico serve para acentuar o fato de que Deus não empregou os escritores mecanicamente, mas atuou neles de maneira orgânica, em harmonia com as leis de seu próprio intimo. Usou-os precisamente como eram, com seu caráter e temperamento, com seus dons e talentos, com sua instrução e cultura, com seu vocabulário, dicção, e estilo; iluminando-lhes a mente, incitou-os a escrever; reprimiu a influência do pecado sobre sua atividade literária, e os guiou na escolha de suas palavras e nas expressões de seus pensamentos. Esta opinião está mais claramente em harmonia com os ensinamentos expostos na Escritura. Descreve os escritores da Escritura não como meros amanuenses, mas como autores reais que, embora registrando algumas vezes comunicações diretas de Deus, todavia, em outras ocasiões registram por escrito os resultados de suas pesquisas históricas ou suas experiências do pecado e do perdão, da alegria e da tristeza, dos perigos ameaçadores e dos livramentos graciosos. Explica também a individualidade dos livros da Bíblia, desde que cada escritor, naturalmente tenha tido o seu próprio estilo e punha em suas produções literárias a sua marca pessoal e as marcas do tempo em que vivia.

AS PERFEIÇÕES DA ESCRITURA – Os reformadores julgaram necessário desenvolver a doutrina da Escritura, a fim de se opor aos erros da Igreja Católica Romana. Acentuaram, particularmente os seguintes pontos:
A) A Autoridade Divina da Escritura. A Igreja romana, bem como os reformadores, atribuíam autoridade divina à Escritura; todavia ambos não queriam dizer exatamente a mesma coisa. A hierarquia romana insistia em que a Bíblia não tem nenhuma autoridade de si, mas deve sua existência, e portanto a sua autoridade, à Igreja. Contra esta posição de Roma, os reformadores acentuaram o fato de que a Escritura tem autoridade inerente em virtude de sua inspiração pelo Espírito Santo. A Bíblia deve ser crida por causa de si mesma; é a Palavra inspirada de Deus, e portanto dirige-se ao homem com autoridade. Esta opinião da autoridade suprema das Escrituras foi geralmente aceita pelas igrejas da reforma até que os entronizassem a razão com árbitro da verdade. Sob sua influência muitos agora nivelam a Bíblia com outros livros e negam-lhe autoridade divina. É de máxima importância, contudo, manter esta autoridade histórica; isto é, ela é um registro verdadeiro e absolutamente digno de confiança, e como tal merece uma aceitação sincera de tudo o que o contém. Mas além de tudo isso tem, também, autoridade normativa como uma regra de vida e conduta, e como tal exige absoluta sujeição da parte do homem.
B) A Necessidade da Escritura. Embora a Igreja Católica Romana reconheça a importância e a utilidade da Escritura, não a considera como absolutamente necessária. Em sua apreciação é mais correto dizer que a Escritura precisa mais da Igreja do que a Igreja precisa da Escritura. Algumas seitas místicas, tais como os montanistas, os anabatistas, e os libertinos de Genebra, negaram também a necessidade da Escritura, e atribuíram mais importância à “luz interior” – a palavra do Espírito Santo, falada aos corações do povo de Deus. Não negaram que Deus pudesse ter dipensado o uso da Palavra, mas defenderam a posição de que a Palavra era necessária, uma vez que foi do agrado divino fazer da Palavra a semente da Igreja. Deste ponto até o fim dos tempos.
C) A Suficiência da Escritura. Nem a Igreja de Roma, nem os anabatistas consideram a Bíblia como uma revelação suficiente de Deus. Os últimos têm uma opinião inferior da Escritura e asseveram a necessidade absoluta da luz intima e de todo tipo de revelações especiais, enquanto que a primeira considera a tradição oral como complemento necessário à palavra escrita. De acordo com os católicos romanos, esta tradição incorpora verdades que os apóstolos pregaram, mas não escreveram, e que foram transmitidas à Igreja Católica, sem interrupção, de geração em geração. Estas estão agora contidas principalmente nos decretos dos concílios, e nos escritos dos pais da Igreja, e nos pronunciamentos dos papas, e nas palavras e usos da liturgia sagrada. Em oposição a esta posição, os reformadores sustentaram a perfeição ou a suficiência da Escritura. Isto não significa que tudo que foi falado ou escrito pelos profetas, por Cristo, e pelos apóstolos esta contido na Escritura, mas simplesmente que a Palavra escrita é suficiente para as necessidades morais e espirituais dos indivíduos e da Igreja. Esta posição envolve a negação de que haja ao lado da Escritura uma Palavra de Deus não escrita de autoridade igual ou até mesmo superior.

[1] Qual é o fim supremo e principal do homem? Glorificar a Deus e gozá-lo para Sempre.(Cat. Maior n1)

A confissão de Fé de Westminster



Desde Julho de 1643 até Fevereiro de 1649, reuniu-se em uma das salas da Abadia de Westminster, na cidade de Londres, o Concílio conhecido na história pelo nome de Assembléia de Westminster. Este Concílio foi convocado pelo Parlamento Inglês, para preparar uma nova base de doutrina e forma de culto e governo eclesiástico que devia servir para a Igreja do Estado nos Três Reinos.
Em um sentido, a ocasião não foi propícia. Já começara a luta entre o Parlamento e o rei Carlos I, e durante as sessões do Concílio o país foi agitado pela revolução em que o rei perdeu a vida e Cromwell tomou as rédeas do governo. Em outro sentido, a ocasião foi oportuna. Os teólogos mais eruditos daquele tempo tomaram parte nos trabalhos da Assembléia. A Confissão de Fé e os Catecismos foram discutidos ponto por ponto, aproveitando-se o que havia de melhor nas Confissões já formuladas, e o resultado foi a organização de um sistema de doutrina cristã baseado na Escritura e notável pela sua coerência em todas as suas partes.
O Parlamento não conseguiu o que almejava quando nomeou os membros do Concílio. A Confissão de Pé foi aprovada, mas apenas poucos meses a Igreja Presbiteriana foi nominalmente a Igreja do Estado na Inglaterra.
A Confissão de Westminster foi a última das confissões formuladas durante o período da Reforma. Até agora tem havido na história da Igreja somente dois períodos que se distinguiram pelo número de credos ou confissões que neles foram produzidos. O primeiro pertence aos séculos IV e V, que produziram os credos formulados pelos concílios ecumênicos de Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia; o segundo sincroniza com o período da Reforma. Os símbolos do primeiro período chamam-se "credos", os do segundo "confissões". Uma comparação entre o Credo dos Apóstolos, por exemplo, e a Confissão de Westminster mostrará a diferença. O Credo é a fórmula de uma fé pessoal e principia com a palavra "Creio". A Confissão de Fé de Westminster segue o plano adotado no tempo da Reforma, é mais elaborada e apresenta um pequeno sistema de teologia. Esse sistema é conhecido pelo nome de Calvinismo, por ser o que João Calvino ensinou, e foi aceito pelas Igrejas Reformadas, que diferiam das Luteranas.
A utilidade de uma Confissão de Fé evidenciou-se na história das Igrejas Reformadas ou Presbiterianas. Sendo a Confissão de Westminster a mais perfeita que elas têm podido formular, serve de laço de união e estreita as relações entre os presbiterianos de todo o mundo. Os Catecismos especialmente têm servido para doutrinar a mocidade nas puras verdades do Evangelho.
Começaremos um estudo passo a passo da confissão de Fé e bem como seus catecismo. Assim, todos os dias postaremos um capitulo da confissão e suas implicações.


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